A criação do método START ocorreu na data de 1983 quando bombeiros-paramédicos de Newport Beach e a equipe médica do Hoag Memorial Hospital (EUA) propuseram um processo de triagem de vítimas simplificado e tratamento rápido (Simple Triage and Rapid Treatment – START). Para tanto, esse método de triagem de vítimas não preconiza o diagnóstico médico e, sim, a classificação das pessoas acidentadas com base nas necessidades de cuidados e chance de sobrevivência.
Como é a categorização das vítimas triadas?
No método START, as vítimas são classificadas pelo estado de gravidade e cada categoria utiliza uma cor para fácil identificação no momento de evacuação e transporte da cena.
IMEDIATA (COR VERMELHA): vítimas com ferimentos graves, porém com chance de sobrevida. Possuem prioridade elevada para atendimento, retirada da cena e transporte. Exemplo: Trauma torácico com tórax instável.
PODE AGUARDAR (COR AMARELA): vítimas com ferimentos moderados. Podem aguardar um tempo na cena até tratamento definitivo. Exemplo: membros fraturados.
LEVE (COR VERDE): vítimas com ferimentos mínimos, que podem deambular e ajudar outras vítimas mais debilitadas. Essas vítimas são as que costumam causar alguns problemas, pois estão deambulando, assustadas e com dores. Deve-se investir apoio psicológico e orientação para que não sobrecarreguem o serviço terciário de saúde. Exemplo: escoriações difusas no corpo.
MORTOS (COR CINZA OU PRETO): vítimas que não respondem a procedimentos simples, como abertura de vias aéreas e com ferimentos críticos que indicam morte iminente. Exemplo: paciente em parada cardíaca, exposição de massa encefálica.
A categorização pode ser facilitada pelo uso de cartões nas cores vermelha, amarela, verde e preta (cinza). Esses instrumentos são colocados em cada vítima de acordo com a gravidade.
Após a categorização das vítimas, o que deve ser feito?
As vítimas devem ser encaminhadas às áreas de prioridade, que possuem as mesmas cores definidas de acordo com a categorização das vítimas (vermelha, amarela, verde e preto ou cinza). O serviço de pré-hospitalar geralmente delimita essas áreas com lonas estendidas no chão, em área segura, para que seja realizada a segunda parte da triagem, confirmando a categorização e iniciando o tratamento da equipe médica para posterior transporte.
Quando essas vítimas têm acesso ao tratamento definitivo?
A continuidade do serviço pré-hospitalar e o tratamento definitivo ocorre no intra-hospitalar. Para que os acidentados tenham acesso a esse serviço, é realizada a triagem de evacuação.
As vítimas graves e moderadas (VERMELHAS e AMARELAS) são encaminhadas, nessa sequência, pelas viaturas até o hospital.
As vítimas leves (VERDES) podem ir por meios próprios, sendo orientadas a procurar unidades de menor complexidade.
E, por fim, as vítimas expectantes (CINZAS ou PRETAS) podem ser removidas, se necessário ainda, após a evacuação de todas as outras.
Quem pode classificar as vítimas de acordo com o método START?
É importante ter conhecimento e treinamento especializado para aplicação desse método, uma vez que o número de vítimas em um ambiente de austeridade requer calma, logística e liderança. A tomada de decisões e o raciocínio crítico-reflexivo sobre o estado das vítimas são os maiores desafios para esse profissional, uma vez que ficará sob sua responsabilidade o reconhecimento das vítimas em estado crítico e com pouca chance de sobrevida. Treinamento e educação permanente é o caminho indicado para conseguir atendimento linear e sistematizado.
Existem outros métodos de triagem?
Sim! Os outros métodos de triagem de vítimas no pré-hospitalar utilizam a lógica descrita para o START com algumas adequações para a realidade local.
M.A.S.S. (move, assess, sort, send): mover, avaliar, classificar e enviar.
SALT (sorting, assessing, life-saving, treatment, transport): classificar, avaliar, intervir para salvar vidas, tratar/transportar.Protocolo de Manchester: classificação de risco utilizada no meio intra-hospitalar, “pretende assegurar que a atenção médica ocorra de acordo com o tempo resposta determinado pela gravidade clínica do paciente, além de ser ferramenta importante para o manejo seguro dos fluxos dos pacientes quando a demanda excede a capacidade de resposta”².
APH - Método START Triagem em Acidentes com Múltiplas Vítimas
Como deve ser feita a Triagem baseada no Método START (Simple Triage And Rapid Treatment) - Processo contínuo
Classificação e Identificação:
– Socorro Imediato ou Cor VERMELHA
– Prioridade secundária ou Cor AMARELA
– Prioridade Tardia ou Cor VERDE
– Prioridade Zero ou Cor PRETA ou CINZA
Quatro passos para executar a triagem:
• Socorro Imediato ou cor Vermelha
– Atenção imediata no local e prioridade no transporte
– Respiram com FR > 30 mov/min.
– Respiram e apresentam reenchimento capilar > 2 segundos ou ausência de pulso radial.
– Respiram abaixo de 30 mov/min, apresentam pulso radial mas é incapaz de seguir orientações.
– Hemorragia externa importante.
– Trauma grave, dificuldade respiratória, trauma de crânio, choque hipovolêmico, queimaduras severas, etc.
• Prioridade Secundária ou Cor Amarela
– Não deambulam, FR < 30 rpm, reenchimento capilar < 2 segundos ou pulso radial presente e obedece a ordens simples.
– Fraturas, lesões torácicas ou abdominais sem choque, lesão de coluna ou queimaduras menores.
• Prioridade Tardia ou cor Verde
– Vítimas deambulando, com lesões menores e que não requerem atendimento imediato.
• Prioridade Zero ou Cor Preta ou Cinza
– Morte óbvia ou situações em que haja grande dificuldade para reanimação e poucos socorristas.
OS QUATRO PASSOS
– Passo 1 - pacientes que podem ser atendidos tardiamente e que possam caminhar até uma área escolhida. Cor Verde
– Passo 2 - checar respiração. Para cada paciente que não possa caminhar é checada a respiração. Nenhuma avaliação é precisa. A respiração está lenta, normal ou rápida.
• Cor Preta - sem respiração.
• Cor Vermelha - respiração > 30 mov/min.
• Cor Amarela/Vermelha - respiração < 30 mov/min
– Passo 3 - avaliar a perfusão. Observar o pulso radial ou o reenchimento capilar. Aqui pode-se descobrir uma hemorragia grave e se fazer uma compressão direta que pode ser mantida por um paciente que se encontra deambulando.
• Cor Vermelha - RC > 2 segundos ou pulso ausente
• Cor Amarela/Vermelha - RC < 2 segundos e pulso presente.
– Passo 4 - avaliar o estado de consciência:
• Cor Vermelha - Não obedece ordens
• Cor Amarela - Obedece ordens
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